domingo, 18 de novembro de 2007

Sobrevive.

"As pessoas que hoje têm entre quarenta e sessenta anos andavam em carros sem cinto de segurança, apoio para a cabeça ou airbag. As crianças iam soltas no banco de trás, a fazer a maior algazarra e a divertir-se aos pulos.

Os berços eram pintados com tintas coloridas (duvidosas) já que podiam conter chumbo ou outro elemento perigoso.

Eu, por exemplo, faço parte da geração que fazia os famosos carrinhos de rolamentos e descia as ladeiras de Botafogo, usando apenas os sapatos como travões, caindo, aleijando-se mas orgulhosa da sua aventura a alta velocidade.

Não havia telemóvel, os nossos pais não tinham como saber onde estávamos, como e que era possível? as crianças nunca tinham razão, estavam sempre de castigo, e nem por isso tinham problemas psicológicos de rejeição ou de falta de amor. Na escola, existiam os bons e os maus alunos: Os primeiros passavam para a próxima etapa, os segundos eram reprovados. Não se procurava um psicoterapeuta para analisar o caso - exigia-se apenas que reprovassem o ano.

Mesmo assim sobrevivemos com alguns joelhos arranhados e poucos traumas. Não apenas sobrevivemos, como nos lembramos com saudade do tempo em que a criança tinha que resolver os seus problemas sem ajuda, andar a luta quando necessário e passar grande parte do dia sem os jogos electrónicos, a inventar brincadeiras com os amigos."


Paulo Coelho - Ser como o rio que flui.

2 comentários:

Anônimo disse...

A mim o que me interessa é saber se no tempo do Sr. Paulo Coelho as casas de prosituição de leste eram mais baratas do que agora.
Mania de deixar os temas importantes de fora.. pffffffff

Anônimo disse...

este blog esta a maior seca do mundo!